Contrabando, falsificação e pirataria causaram prejuízo de meio trilhão no país em 2024; veja os setores mais afetados

Contrabando, falsificação e pirataria causaram prejuízo de meio trilhão no país em 2024; veja os setores mais afetados
Ação da PRF em Cascavel (PR): mesmo com repressão, cigarros ainda são o produto mais apreendido em ações para inibir o contrabando — Foto: Divulgação/PRF-Paraná

Série histórica mantida pelo FNCP mostra que os R$ 468,3 bilhões perdidos para as atividades ilícitas no ano passado representam o maior montante da década

Crimes como contrabando, falsificação e pirataria causaram um prejuízo de R$ 468,3 bilhões no país no ano passado, considerando apenas 15 dos principais setores da economia brasileira. A conta é do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), que desde 2014 faz estimativas do gênero.A série histórica mantida pela entidade mostra que o montante de quase meio trilhão de reais perdido para as atividades ilícitas em 2024 é o maior da década tanto em números brutos quanto corrigidos. Na comparação com 2014, quando a estatística passou a ser compilada, o déficit causado pelos criminosos, que era de R$ 100 bilhões, praticamente quintuplicou. Se for considerada a correção inflacionária, o aumento é de aproximadamente 166%, de R$ 176 bilhões para R$ 468 bilhões.PUBLICIDADE

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Contrabando, falsificação e pirataria causaram prejuízo de meio trilhão no país em 2024; veja os setores mais afetados

Série histórica mantida pelo FNCP mostra que os R$ 468,3 bilhões perdidos para as atividades ilícitas no ano passado representam o maior montante da década

Por O GLOBO

14/02/2025 03h30 Atualizado agora

 

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Ação da PRF em Cascavel (PR): mesmo com repressão, cigarros ainda são o produto mais apreendido em ações para inibir o contrabando

Ação da PRF em Cascavel (PR): mesmo com repressão, cigarros ainda são o produto mais apreendido em ações para inibir o contrabando — Foto: Divulgação/PRF-Paraná

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Crimes como contrabando, falsificação e pirataria causaram um prejuízo de R$ 468,3 bilhões no país no ano passado, considerando apenas 15 dos principais setores da economia brasileira. A conta é do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), que desde 2014 faz estimativas do gênero.

 

Lucro bandido 1: Crime organizado no Brasil já ganha mais com combustível do que com o tráfico de cocaína, indica estudo

Lucro bandido 2: Quadrilhas faturaram R$ 186 bilhões em um ano no Brasil com crimes virtuais e furtos de celular, aponta FBSP

A série histórica mantida pela entidade mostra que o montante de quase meio trilhão de reais perdido para as atividades ilícitas em 2024 é o maior da década tanto em números brutos quanto corrigidos. Na comparação com 2014, quando a estatística passou a ser compilada, o déficit causado pelos criminosos, que era de R$ 100 bilhões, praticamente quintuplicou. Se for considerada a correção inflacionária, o aumento é de aproximadamente 166%, de R$ 176 bilhões para R$ 468 bilhões.

 

Perdas com o mercado ilegal — Foto: FNCP

Perdas com o mercado ilegal — Foto: FNCP

De acordo com o FNPC, a estimativa inclui tanto as perdas diretas da indústria em decorrência dos delitos quanto a evasão fiscal, uma vez que o Estado deixa de arrecadar impostos associados às transações legais. As duas categorias corresponderam a um prejuízo de R$ 327,8 bilhões e R$ 140,4 bilhões, respectivamente.

 

— O avanço do mercado ilegal no Brasil é um problema estrutural que precisa ser enfrentado com urgência. Em uma década, as perdas mais que quadruplicaram, e o ritmo de crescimento segue acelerado. Estamos falando de um sistema que não apenas drena recursos da economia formal, mas também alimenta o crime organizado e desestabiliza setores inteiros da indústria nacional — frisa Edson Vismona, presidente do FNCP.O levantamento do fórum aponta que o contrabando e a falsificação atingem os mais variados setores da economia. As duas áreas mais afetadas, porém, são a de vestuário, com prejuízo de R$ 87,3 billhões, e a de bebidas alcoólicas (R$ 85,2 bilhões).

 

Na terceira posição, aparece o setor de combustíveis, que amargou perdas de R$ 29 bilhões no ano passado. Como o GLOBO mostrou nesta quarta-feira, o crime organizado no Brasil já lucra mais com este tipo de prática do que com o tráfico de cocaína, como detectou relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

 

O ranking continua com a área de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, na qual esvaíram-se R$ 21 bilhões em 2024. Na sequência, vêm os cigarros (R$ 8,8 bilhões), os celulares (R$ 9,7 bilhões) e o setor de audiovisual (R$ 4 bilhões).

 

No caso dos cigarros, por exemplo, o FNCP destaca que, só no ano passado, apenas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recolheu 59 milhões de maços ilegais pelo país — na média, é como se duas unidades do produtos fossem apreendidas pela corporação a cada segundo. O item também é o mais confiscado pela Receita Federal, indicando que, "apesar dos esforços de fiscalização, o crime organizado segue dominando esse mercado", frisa a análise do fórum.